52º Painel: Francisco de Carvalho opina sobre comunicações convergentes

O 52º Painel TELEBRASIL ocorre de 4 a 8 de junho, na Costa do Sauípe (BA), com o tema “Conteúdo Multimídia e Serviços Digitais para o Brasil Digital”. A agenda do evento é rica e os participantes, de alta qualidade, na melhor tradição dos Painéis TELEBRASIL. Aqui, o depoimento do consultor Francisco Araujo de Carvalho, da British Telecom.

Francisco Araujo de Carvalho é o principal consultor de “Convergence, Intelligence and Applications” do “Group Chief Techonology Office”, da British Telecom. A BT Global Services é a unidade de negócios que presta serviços a empresas em todo o mundo e a qual pertence a BT na América Latina. A British Telecom tem suas origens em 1846; foi criada em 1977; privatizada em 1984; e passou a ter nova identidade em 1991. Ela opera em 170 países, com quatro linhas de negócios: BT Global Services, Openreach (última milha), BT Retail (varejo) e BT Wholesale (atacado).

A seguir, em tradução livre para o português, o depoimento de Francisco Araujo de Carvalho, que nos chegou em inglês:

“A convergência das comunicações, basicamente, é a entrega consistente e praticamente intocada da experiência do usuário, utilizando diversas redes de acesso. Tais redes de acesso devem ser agnósticas quanto à sua localização geográfica.

Os serviços que deverão ter sucesso na entrega de tais requerimentos deverão obedecer a um determinado número de critérios críticos. Em primeiro lugar, os serviços terão que ser inerentemente úteis ao usuário para solucionar determinada necessidade ou para aliviar algum problema. A infra-estrutura que entregará os serviços deve dar uma assistência efetiva ao usuário. Ela deverá ser orientada para o mercado de massa e ter suas barreiras técnicas, comerciais e regulatórias já resolvidas. Sempre que for possível, o conteúdo adequado deverá estar disponível para o usuário.

“Ainda dentro dos critérios críticos, deve haver uma ampla disseminação de dispositivos e de interface adequada para o usuário. O acesso aos serviços, através desses dispositivos, devem estar disponíveis para uso útil, onde e quando o usuário desejar. Finalmente, e não menos importante, tais serviços devem ser fruto de modelos de negócios, economicamente viáveis e para os quais os clientes estejam dispostos a aderir.

“Em termos de inclusão social dos serviços, é imperativo que o poder dominante das incubents,bem como o ambiente regulatório (barreiras à inovação), atue de tal modo que os provedores de infra-estrutura possam operar num modelo que atenda a dois requisitos, a seguir:

“Um deles é permitir que os provedores de infra-estrutura obtenham o necessário retorno para seu investimento. Tal retorno deve poder ser obtido mesmo que haja oferecimento de interfaces adequadas a empreendedores locais, que desejarem oferecer soluções inovadoras para as necessidades do dia-a-dia dos usuários. São esses provedores de serviços que irão alavancar o valor das infra-estruturas e com isso ajudar a fugir do modelo de ‘jardins cercados’, onde ninguém pode penetrar.

“Finalmente, deve ser destacada, como elemento-chave, a possibilidade de jovens empresas (start ups) terem acesso a mecanismos de financiamentos baratos. Para tanto, dois itens são importantes. É preciso haver a educação dos empresários para os mecanismos de financiamento, tal como acontece com a Internet até hoje. Também deve haver incentivos fiscais para motivar o investidor privado a ser um tomador de riscos, em troca de oportunidades de negócios desafiadores, mas com perspectivas de altos retornos.

“Quanto ao Governo, deve dar suporte ao ecossistema dos investimentos. Também cabe ao Governo, mas juntamente com a iniciativa privada, dar suporte a oportunidades de treinamento, como as oferecidas por Harvard e outras escolas de treinamento. O Brasil – e com ele a América do Sul – deve te como objetivo conseguir a equivalência entre o pedigree de suas escolas de negócios com as demais escolas de renome mundial.

A escala de tempo

“É importante traduzir as idéias dadas para a escala de tempo, lançando as pedras fundamentais. Assim, no curto prazo, o foco deve ser voltado para o estabelecimento de uma visão e de uma identificação das ações que serão necessárias.

“A médio e longo prazos, o Brasil deve focalizar em incentivos que promovam os enfoques disponíveis na Europa e nos Estados Unidos. Uma as alternativas é uma colaboração próxima com a Lundu e a Harvard Business School com transferência de experiência e de aprendizado. Outra alternativa é trabalhar com a crescente excelência acadêmica brasileira, identificando talentos com vontade e capacidade para optar para uma mudança em degrau, ao invés de uma previsível progressão numa carreira.

“É essencial que a PME e que os entrepreneurs se afastem da ideia de aguardar pela iniciativa do Governo para implementar o que é preciso. É necessário que eles se movimentem rumo a implementar suas próprias ideias, abandonando o medo de que políticas governamentais possam ser alteradas, de modo que resulte na quebra de seu modelo de negócios.”

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