51º Painel TELEBRASIL: Brasil Digital surge como realidade irreversível – VII

51-painel-telebrasil-brasil-digital-surge-como-realidade-irreversivel-vii

Um dos grandes Debates Executivos durante o 51º Painel, ocorrido na Costa do Sauípe (BA), de 31/05/2007 a 02/06/2007, reuniu, sob a rubrica “Visão dos Fornecedores”, top executives das empresas Alcatel-Lucent e Cisco, Juniper, Motorola, NEC, Nokia-Siemens Networks, Padtec, Qualcomm e Trópico. Neste módulo, da série que integra o registro completo dos pronunciamentos do Painel, Aluizio Byrro (Nokia Siemens Networks) e Jorge Salomão Pereira (Padtec).Alcatel-Lucent, Cisco, Juniper, Motorola, NEC, Nokia-Siemens Networks, Padtec, Qualcomm e Trópico são associadas da TELEBRASIL.


Aluizio Byrro (chairman da Nokia Siemens Networks para América Latina)
As soluções para o Brasil Digital já existem.

Aluizio Byrro iniciou dando sua visão de um mundo totalmente conectado até 2015, com cinco bilhões de pessoas, com banda larga em todo lugar e diversos modelos de negócios que vão permitir uma série de aplicações, principalmente via Internet, com atendimento a usuários de baixa renda, como os usuários no Brasil. O Brasil Digital pode prover o desenvolvimento social com qualquer tipo de rede.

A banda larga em todo lugar vai se traduzir por universalização, inclusão digital e tecnologia da informação; as aplicações por e-learning, e-Gov, telemedicina, compras; os diversos modelos de negócios por soluções de baixo custo, regulamentação e convergência. Tudo se traduzindo por educação, cidadania e cultura para as pessoas. “Além da massificação da banda larga e da conectividade – o grande desafio vai além da última milha – que vão trazer novas aplicações”, enfatizou o palestrante.

Byrro deu um depoimento pessoal sobre e-learning. Citou o caso de escola Estadual Gisno, em Brasília (DF), onde Siemens, Brasil Telecom, Samurai e o site educacional Clickideia obtiveram um resultado fantástico, ao digitalizar o ambiente da escola. Na Gisno, o índice de repetição caiu a zero, melhoraram as notas em 35% e o índice de aprovação no vestibular pulou para 70% (nas escolas públicas este índice é menor que 5%).

Mas, nem tudo são flores. Os indicadores brasileiros mostram que apenas 36% das pessoas, na faixa de 15 a 65 anos, estão realmente alfabetizadas, somente 35% dos colégios públicos têm computadores e ainda assim apenas metade dos mesmos (18%) está ligada à rede. Apenas 35% população têm contas bancárias e no índice de Gini, que mede a desigualdade social do País, está em décimo lugar, de baixo para cima. “Para os próximos cinco anos, o grande driver na implantação de novos serviços será o do aumento da base de terminais”, afirmou o chairman da Nokia Siemens Networks, fazendo projeções para 2011, no Brasil.

Daqui há cinco anos, as linhas fixas passarão de 38 milhões (5% de aumento) com crescimento praticamente estagnado e com o grande desafio da banda larga para assinantes móveis que vão crescer de 100 para 135 milhões, representando taxa de 35%, mas que vem decrescendo.

Nas projeções da Siemens Nokia Networks, os assinantes de TV paga passam de 4,5 para 6,1 (36%), com o triple play recria um novo desenvolvimento para esse segmento. A banda larga, crescendo 5,5%, apesar de muito abaixo dos padrões. Países como Coréia, Holanda, Hong Kong, Cingapura e Canadá têm mais de 60% de penetração da banda larga. Brasil, Rússia e Tailândia estão no grupo com menos de 10% de penetração. Ainda no Brasil. O acesso discado vai crescer pouco, de 8,4 para 8,5 milhões (1%). Os PCs de 35 a 61 milhões (74%) e os laptops, de 2,2 para 7,3 milhões (232%), vão ter um grande crescimento.

O palestrante mostrou a solução “Village Connection” para pequenas localidades, que descreveu como uma BTS (estação fixa do Serviço Móvel Celular) de baixíssimo custo, compacta, cujas ligações internas são processadas localmente, com conexão IP para longas distâncias e boa para situações em que o ARPU (average revenue per user) é de apenas US$ 3,00 a 4,00, abaixo de US$ 10,00 a 12,00, que é a média nos países desenvolvidos. “É preciso criar condições que propiciem custos adequados para as operadoras”, arrazoou Aluizio Byrro.

O modelo do Village usa rede GSM e o trafego interno da comunidade é concentrado na BTS, que também é chamada de GAT (GSM access point). No acesso central do sistema, se pode ligar até 200 dessas BTS, com 80 usuários cada. No total, se pode colocar de 14 a 15 mil assinantes a um custo baixo. A arquitetura da solução Village é convergente com um backbone em IP, o que reduz o seu custo.

– No Village, o modelo de negócios pode ser escolhido como hosted, mannaged ou em regime de franquia. Pode se encontrar pessoas que instalem e operem o sistema na própria comunidade devido à sua simplicidade, além do fato do equipamento ser compacto – disse Aluizio Byrro, acrescentando que “a solução do Village é utilizada na Índia, mas é perfeitamente adequada ao Brasil e para outros países, como Angola, num projeto de 30 estações”.

Nesse momento da palestra, um pequeno filme mostrado nos telões do auditório enfocou a realidade da solução indiana. “A Índia, um país cheio de contrastes, possui um alto índice de penetração do celular, concentrado porém nos grandes centros urbanos. O grande desafio é o patamar da pobreza, onde o cidadão só pode gastar entre US$ 2,00 a US$ 3,00 em telecomunicações, muito pouco para sustentar o negócio do celular. A solução Village da Nokia Siemens Networks trouxe tecnologia e modelo de negócios que permitiram uma solução prática, realística e economicamente disponível para qualquer um”, foi, em suma, a mensagem do filmete.

Outra solução mostrada pelo executivo da Siemens Nokia Networks foi a Surpass RLU (remote line unit) para o PGMU (Plano Geral de Metas de Universalização), da Telemar. Foi um arranjo baseado em tecnologia NGN (new generation network) e VoIP (voz sobre protocol internet IP), combinada com tecnologias de satélite. “Na época, foi considerado um dos maiores projeto de VoIP da América Latina”, disse Aluizio Byrro. Foram atendidas 4.500 localidades, das quais 1.800 com acesso coletivo e as outras com TUPs (telefones de uso público) e acesso individual. Nesse projeto para a Telemar, o sistema satélites foi provido pela Hispamar e entraram em cena múltiplos atores como a Nera com o STM (serviço de transmissão de mensagens), o rádio monocanal, da Stein, e a central softwitch, da Siemens.

Lembrando que “o importante é manter um padrão para que se tenha grandeza de escala”, o palestrante indicou num slide um panorama das tecnologias futuras quanto aos quesitos da mobilidade (estacionário, indoor, nômade, móvel) e da banda passante (voz, dados, imagens, gráficos, vídeo, tevê de alta definição, multimídia). No campo do estacionário, há a rede discada, o DSL (digital subscriber line), o cabo e o GPON (Gigabit passive optical network), este com 25 Mbit/s e mais velocidades. As tecnologias WiFi, WiMax-d, WiFi-mesh e WiMax-e têm mobilidade indoor e nômade. Já o celular tem mobilidade plena e aumenta sua faixa passante nas gerações 2G, 2,5G, 4G e HSPA (high speed packet access) e LTE (Long Term Evolution).

O chairman da Nokia Siemens Networks para a América Latina fechou sua apresentação dando “Recomendações” que coincidiram com as de outros palestrantes do 51º Painel. O Governo deve formular políticas públicas e coordenar a alocação de recursos e da carga tributária (o Brasil é recordista, com mais de 40%), para que se possa massificar o serviço.

Em relação ao marco regulatório, a LGT (Lei Geral das Telecomunicações) deve ser adaptada à atual situação tecnológica, conservando-se o que ela tem de bom. Deve-se igualmente garantir condições de sustentabilidade para que o desenvolvimento humano acompanhe o desenvolvimento tecnológico.

– De nada adianta ter escolas conectadas com computador se o corpo docente não tem condições de transferir ao corpo discentes o conhecimento que a tecnologia pode dar – finalizou sua palestra, com um toque humanístico, o engenheiro Aluizio Byrro.


Jorge Salomão Pereira (presidente da Padtec)
Um discurso centrado nas Redes de Governo.

51-painel-telebrasil-brasil-digital-surge-como-realidade-irreversivel-vii-2

Jorge Salomão Pereira disse que as aplicações de Governo refletem a própria sociedade. Governo e sociedade estão entrelaçados. Há, porém, algumas características que são comuns aos governos em todo mundo.

Dentre elas: certificar que o acesso à rede é seguro; utilizar e migrar os serviços rumo ao uso de protocolo internet (IP); e aproveitar e absorver o legado tecnológico de redes que já existem. Um rádio da polícia na Bahia ou em Nova Iorque provavelmente não será IP, exemplificou o palestrante.

Tais características mudam no tempo, mas ainda assim sinalizam tendências tecnológicas. A principal delas, que decorre da adoção do protocolo IP, é a elevada disponibilidade de banda passante que ocorre não só no acesso, mas também no restante da rede.

Ensinou o palestrante que “de nada adiantará prover a um acesso de 10 Mbit/s por cidadão, se o tronco a que estiverem conectados tiver capacidade de 100 Mbit/s”. As estruturas de telecomunicações devem ter capacidade para o transporte da informação que provêem dos acessos, bem como na absorção de diversas tecnologias de transporte já existentes.

É provável que as redes de Governo utilizem a Internet avançada, como é o caso do uso do protocolo internet IPV6 (internet protocolo version six). A capilaridade para atingir o cidadão é umas das características das redes de Governo. Chamou a atenção do palestrante que, nas redes comerciais e nas de Governo, com serviços variados, há necessidade de convergir diversos serviços e tecnologias. Em países como o Brasil, de dimensões continentais, é preciso que, além da capilaridade, haja cobertura da rede de âmbito nacional, o que faz prever, para muitos casos, a tecnologia de satélites.

Com base em dados colhidos junto à Sociedade da Informação, mostrou o executivo como os sistemas de telecomunicações podem ser organizados nas redes de Governo. Em tais redes, as estruturas permanecem nas camadas clássicas de infra-estrutura (enlaces e roteadores), serviços (e-mail, www, videoconferência) e aplicações (loja virtual, educação, saúde).

Jorge Salomão Pereira deu as características das Redes de Estado: uma forte convergência acompanhada do uso extensivo do protocolo de internet e uma elevada faixa passante (um elemento decisivo para convergir diferentes redes e tecnologias).

Em relação às tecnologias, elas estão disponíveis no mercado e a exemplo de muitos países são bastante básicas. “Foi dito que temos tecnologia. Ao olhar projetos europeus, norte-americanos e japoneses de Redes de Governo, a gente cai de costas”, comentou o executivo da PadTec, uma empresa high-tech.Eleconcedeu todavia que aqui “já há tecnologia bastante para se começar muita coisa”.

Visto que as pessoas querem mobilidade e capacidade como atributos para suas telecomunicações, há que se fazer um mixing entre tecnologias de comunicações ópticas e de rádio sem fio, defendeu o palestrante. As Redes de Governo também precisam ser seguras. Na visão da PadTec, a Rede que atende ao Governo tem que ser extremamente simplificada – menos camadas e protocolos – em relação ao que se tem hoje. A idéia básica é o transporte de pacotes sobre um entroncamento que seja capaz de suportar os tráfegos agregados que chegam dos bordos da rede.

Segundo o palestrante, a Rede de Governo deve fazer uso extensivo de comunicações ópticas, de protocolos Internet de acesso a essa rede e de elevada capilaridade, ainda que para isto utilize tecnologias complementares.

Jorge Salomão Pereira se mostrou surpreso que uma Rede de Governo de alta tecnologia situada no Brasil, e que coloca o País em muito boa posição, não tivesse ainda sido mencionada e citou a RNP – Rede Nacional de Pesquisa e Ensino. A RNP, em um backbone óptico de alta capacidade na qual a informação caminha diretamente na camada ótica valendo-se de multiplexação por comprimento de onda (λ), tem um núcleo central ligando quatro grandes capitais brasileiras a 10 Gibabit/s e é feita com tecnologia brasileira (o slide no telão indicou ser PadTec), em competição com outros fabricantes de outros países.

A perspectiva da PadTec para as Redes de Governo contempla que é preciso abordar a necessidade das redes núcleo com faixa larga para suportar tráfego de alta capacidade, deve combinar na borda tecnologia de óptica passiva (PON) com tecnologia sem fio num mixá não linear e até como melhor alternativa.

Concluindo sua apresentação e repetindo itens de sua palestra, disse o presidente da PadTec que a convergência tão necessária às Redes de Governo levam a uma demanda de banda em todas a rede. Reafirmou a crença de sua empresa na simplificação das estruturas das redes, “um enorme assunto de pesquisa em todo o mundo”. Disse que a capilarização e a ampla cobertura pautam as Redes de Governo. Quanto ao investimento e às despesas operacionais das redes, eles são fatores decisivos na implantação das Redes de Governo, tendo em vista que o contribuinte, em última análise, pode “não topar” pagar a conta. As Redes de Governo têm que ser flexíveis para absorver novas tecnologias e prestar novos serviços e têm que ser seguras no sentido de trazer informações.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo