51° Painel TELEBRASIL: Brasil Digital surge como realidade irreversível – XIII

Neste módulo, os pronunciamentos de Leila A. Loria (presidente da TVA) e Roberto Oliveira de Lima (presidente da Vivo), encerrando a “Visão das Operadoras”. O debate das operadoras reuniu top executives das prestadoras de serviço Brasil Telecom, Claro, CTBC, Embratel, NET, Oi, Organizações Globo, Telefônica, TVA e Vivo. Dois grandes Debates Executivos formaram o backbone do 51o Painel, ocorrido na Costa do Sauípe (BA), de 31/05/2007 a 02/06/2007, que teve como tema o Brasil Digital. Um debate trouxe a “Visão das Operadoras” e o outro, a “Visão dos Fornecedores”. Brasil Telecom, Claro, CTBC, Embratel, NET, Oi, Telefônica, TVA e Vivo são Associadas TELEBRASIL.

Leila A. Loria (presidente da TVA)
Telecomunicadores vão estar disputando audiências.

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Aderindo ao bom astral da mesa da “Visão das Operadoras”, a palestrante Leila A. Loria, presidente da TVA, se apresentou como minoritária “em vários sentidos”, destacando ser uma “não-engenheira” (é administradora de empresas) e que centraria sua palestra sobre convergência e a ótica do consumidor.

Sobre o “Brasil Digital”, a palestrante constatou que há vários projetos de qualidade no País; há infra-estrutura; e há muito conteúdo disponível. Mas, que, todavia, falta funding, bem como um projeto organizado de educação para o País. A Fundação Victor Civita, do Grupo Abril (ao qual pertence a TVA), em suas revistas, tem conteúdo de enfoque educacional (como a Revista Nova Escola) e distribui livros educacionais cujos conteúdos estão sendo digitalizados.

O Grupo Abril desenvolve a iniciativa TVA na Escola, que contribui para a formação dos alunos do ensino médio de escolas públicas, com ferramentas pedagógicas. Nesse projeto, cerca de 75 escolas públicas recebem acesso a pontos de conexão @Jato e da TVA, além de ferramental didático. “Não adianta prover somente à conectividade. É preciso treinar o professor para ele ser um multiplicador do saber. O resultado do projeto que estamos provendo é muito animador”, constatou a executiva do Grupo Abril.

A TVA sempre foi convergente, desde seu momento zero (1991) com a proposta de um novo modelo de negócios caracterizado pela venda de conteúdo audiovisual não mais gratuito e sim pago. “Na época, ninguém ainda falava disso, visto que a televisão aberta no Brasil tem a boa qualidade que a gente conhece”, disse Leila Loria, lembrando que a TVA teve até que construir sua própria rede, tal como na analogia das lojas no metrô em que, para vender seu biscoito no subway, o empresário teve primeiro que construir o metrô.

Na época da convergência, o novo modelo de negócios visa levar ao consumidor novas experiências que podem contar com uma diversidades de meios tecnológicos (MMDS, cabo, satélite, DSL, celular, Wi-Fi, Wimax) para alcançá-lo. Em termos rápidos, uma rede serve para conectar o provedor de conteúdo de serviços ao consumidor. O desafio agora é o da criação efetiva de novas experiências, conteúdos e serviços para um consumidor exigente que privilegia a inovação, a simplicidade de uso e a sua conveniência (anywhere, anytime, anynetwork). Semanticamente, o triple play (voz, vídeo, dados) agora passa a ser substituído pelo mais abrangente multiple play. “Vai vencer quem oferecer um pacote de serviços de qualidade, ao menor custo”, prognosticou a executiva.

O consumidor – hoje ele tem uma ampla opção de escolhas gratuitas – não quer mais pagar por conteúdos que julgar irrelevante. O novo mercado do conteúdo audiovisual vai requerer players dotados de múltiplas competências, capacidade de investir e operado em um modelo de negócio adequado. Um desafio é o da interoperabilidade entre múltiplos dispositivos terminais. Outro desafio, para os desenvolvedores de conteúdo, é como despertar e manter a atenção dos consumidores a fim de criar uma audiência (uma palavra-chave) relevante. No novo mundo da convergência, “audiência” é fundamental. Outro grande desafio é como desenvolver conteúdo para diversas plataformas e patrocínios.

Dentre as novas tendências da convergência, destacam-se os esquemas participativos com conteúdos sendo gerados em regime de colaboração, como na Internet. Eventos esportivos tendem a assumir uma importância cada vez maior. Os únicos eventos que conseguem reunir audiências acima de 90 milhões de espectadores são o Super Bowl e a final da Liga Européia (UEFA). A segmentação das audiências é uma realidade total e a característica da mobilidade acaba estendendo sua influência sobre o audiovisual.

Lembrou a palestrante que, do ponto de vista do consumidor, o mercado de conteúdo é convergente, mas que do lado da oferta são exigidas competências múltiplas – produção de conteúdo, agregação de conteúdos e serviços, gestão de audiência –, difíceis de serem encontradas numa só empresa. Em conseqüência, cresce a construção de alianças e parcerias para atender o consumidor, num mundo convergente. O modelo de negócios adotado deve ser, porém, capaz de gerar resultados crescentes, de modo a suportar investimentos e criar produtos voltados para o mercado de massa.

Roberto Oliveira de Lima (presidente da Vivo)
Melhor solução para o conteúdo é fazer parcerias.

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Roberto Oliveira de Lima, presidente da Vivo, tratou da convergência, vista sob o ângulo de uma operadora de celular. Ocorre uma grande mudança de um modelo tradicional de telecomunicações para um outro modelo convergente. No modelo tradicional, havia redes proprietárias para cada tipo de serviço, com acesso e terminais específicos e o consumidor sabia o que podia esperar de cada tipo de serviço.

Já num mercado convergente há uma rede principal aberta, com tecnologia IP multisserviços. O acesso passa a ser multiponto, valendo-se de distintas tecnologias complementares, como rádio celular 2,5G/3G; Wi-Fi/Wimax; par metálico/ADSL; rede elétrica (PLC); MMDS; cabo; fibra; e satélite. Os dispositivos terminais passam a ter multifunção como celulares/pagers; celular/TV; e PCs/TV digital. Os serviços são empacotados para integrar voz, vídeo, dados e mobilidade. Essa grande revolução é fruto da inovação tecnológica, trazida e vendida pelo subsetor industrial. Do lado das operadoras, essa grande revolução se traduz pela luta para aumentar o seu share of profits, “fidelizar” clientes, se manter no mercado e aumentar o seu poder de competição.

Para o presidente da Vivo, cresceu muito a velocidade com que as mudanças acontecem. As operadoras, no contato diário com o mercado, têm necessidade de oferecer novos serviços integrados. A reação a novos serviços é imediata, no sentido que o consumidor vê a empresa como a única provedora de todos os serviços de que necessita. Um mesmo call center precisa atender a todas essas necessidades do consumidor.

O aparelho celular passou a ser um dispositivo convergente. “É uma máquina maravilhosa que hoje pode fazer quase tudo e que dá vontade ao operador de fornecer serviços em todos os horizontes”. Na vontade de servir o consumidor, o operador de celular se interroga se deve ou não produzir ele mesmo o conteúdo ou se deve ir para um modelo de parcerias que provavelmente irá prevalecer. Somente na Vivo, a dados do 4º trimestre de 2006, foram efetuados sete milhões de downloads, incluindo vídeos, músicas, jogos e clips.

Segundo o executivo da Vivo, “o melhor é efetuar parcerias e comprar conteúdos, ainda mais que, se nós mesmos fizéssemos conteúdo de televisão, um consumidor talvez quisesse telemedicina ou culinária e a operadora precisaria ter uma divisão de telemedicina ou culinária”.

A expectativa do consumidor é que o celular seja cada vez mais convergente. Um aparelho celular, hoje, pode ser um dispositivo para voz, pager, câmera digital, PDX, camcorder, terminal de jogos, escaneador de código de barras, tocador de música MP3, terminal de notícias, walkie-talkie, PC, dispositivo de localização, rádio FM, televisor e álbum de fotos.

– O acesso a conteúdo pelo celular é uma realidade de caráter irreversível. A Vivo já tem conteúdos de informação, entretenimento, esportes, jogos, com a ajuda de quase 200 parceiros. É mais simples fazer parcerias na ponta, junto ao consumidor, do que no compartilhamento das infra-estruturas, onde parcerias trariam grandes benefícios – constatou Roberto Oliveira de Lima.

Em resumo, os diversos atores do mercado convergente estão em movimento. Os provedores de Internet querem fazer TV; os provedores de telefonia fixa, televisão; os provedores de celular querem fazer tudo. O processo tende a se acelerar. “É preciso um haver um quadro regulatório que não pode ser tão rígido a ponto de impedir esse desenvolvimento e que precisa ser abrangente e aberto para não ser atropelado pelos próprios fatos”, advertiu o presidente da Vivo.

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