51° Painel TELEBRASIL: Brasil Digital surge como realidade irreversível – XV

Neste módulo, o pronunciamento do economista Álvaro Bandeira (presidente da APIMEC Nacional) sobre tecnologia e mercado de capitais, dando a Visão do Mercado, como parte do bloco “Universalização, Melhoria da Qualidade e Aumento da Transparência dos Serviços Prestados pelo Estado Brasileiro”. O 51º Painel, ocorrido na Costa do Sauípe (BA), de 31/05/2007 a 02/06/2007, teve como tema o “Brasil Digital”.


Álvaro Bandeira (presidente da APIMEC)
Do pregão com quadro negro ao home broker, em casa e pela Internet.

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Como presidente da APIMEC – Associação de Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais – e sócio da Ágora – cuja etimologia nos remete ao espaço público de trocas na polisgrega –, o economista Álvaro Bandeira trouxe a visão histórica do mercado de capitais no Brasil e de sua modernização, utilizando os atuais meios de telecomunicações e de tecnologia da informação. Sua palestra ocorreu no primeiro dia do Painel, na Costa do Sauípe (BA).

O palestrante anunciou que seu pronunciamento iria abordar o mercado de capitais, o mercado das empresas e das pessoas naturais e o case da Ágora (maior corretora da Bolsa de Valores de São Paulo) – um depoimento pessoal –, que passou do ramo do atacado para o de varejo. Em termos amplos, o mercado de capitais lida com informação e dispersão da informação. A Internet e seus mecanismos de busca são importantes para esta dispersão. A eletrônica tornou os mercados de capital extremamente dinâmicos. Nos EUA, se algum evento básico, como uma ata ou um pronunciamento do Federal Reserve (Banco Central), ocorre, leva menos de um minuto para que todo o mercado fique informado.

Continuando, relatou o palestrante que as operações da Bolsa no Brasil, em 1997, eram em 90% efetuadas em viva-voz, com os 10% restantes no folclórico “telerroubão”, como era apelidado o ineficiente sistema automatizado daqueles tempos. Dois anos mais tarde, a Bolsa alcançava 8 mil negócios/dia, mantendo cerca de mil operadores presenciais ainda utilizando viva-voz. Hoje, quase nenhuma bolsa no mundo é em viva-voz. Casos remanescentes, como a Bolsa de Mercado de Futuros, em São Paulo, ainda em viva-voz, migram para operação eletrônica. Os anos de 2005 e 2006 marcaram, no Brasil, a chegada da bolsa de valores totalmente eletrônica. Hoje, 99% das operações da Bolsa que representam 600 mil negócios eletrônicos/dia são efetuados em menos de um segundo.

Outra evolução significativa na aplicação da tecnologia eletrônica ao mercado financeiro se refere às empresas de capital aberto em que computadores, e-mails, Internet e sistemas de informações são importantes. Em tempos de antanho, as empresas que eram negociadas na Bolsa de Valores não divulgavam seu volume de vendas – um dado que era considerado confidencial – e sim apenas o produto das operações sociais, algo assim como o lucro bruto.

O ambiente de negócios mudou. Hoje, as empresas praticam a governança corporativa, em evolução constante. A Internet e os sites são absolutamente fundamentais para se conhecer as companhias. As empresas fazem conferências (conference-calls) trimestrais, seguidas de reuniões presenciais acompanhadas por webcast. As reuniões presenciais têm da ordem de 100 a 140 analistas de empresas, com cerca de 200 a 250 pessoas acompanhando o encontro em webcast no Brasil e no exterior.

Na Bolsa de Valores, a informação é dispersada para toda a comunidade com normas bastante rígidas. Há janelas de negociação de ações para os detentores de controle acionário e diretores de empresas, onde não se pode negociar, mas se está aberto à negociação. As empresas fazem rigoroso controle desses aspectos que transmitem para as corretoras com suas instruções. O volume de informação divulgadas pelas empresas também mudou. As corporações começam a estar convencidas que o melhor produto que possuem são as suas ações e que divulgar e universalizá-las para seus acionistas – agregando-lhes valor – é algo muito importante.

Em relação ao mercado de pessoas físicas, o advento do computador pessoal (PC) e a web são importantes para promover a educação à distância dos investidores. Eles, hoje, são literalmente “massacrados” por todos os sites de economia e por todas as páginas eletrônicas que replicam cotações de mercado. A segurança do sistema eletrônico também é muito importante.

Álvaro Bandeira tratou ainda das atividades que a eletrônica, atualmente, permite e de seus impactos. O home banking, por exemplo, ajuda na educação dos investidores, enquanto que o sistema home broker permite fazer as operações de uma corretora por Internet. O home banking, no entanto, é estático. Já na operação de home broker – que muda a cada operação da Bolsa –, um retardo de dois a três segundos pode significar a perda de um negócio crucial. A operação de home broker é solitária e pessoal, não envolvendo contato com corretora. Ganhar ou perder permanece sigiloso no home broker, visto como uma vantagem pelo palestrante. Ao lado de operações de sucesso da eletrônica no Brasil, como as eleições eletrônicas, no entender de Álvaro Bandeira devem constar as atividades de home broker.

A última parte da palestra, ao sair do geral para o particular, Bandeira centrou-se no case da Ágora, orgulho do empresário. A Ágora é uma corretora – a Bovespa tem 140 – que, com apenas 13 anos de existência, é a maior corretora para pessoas físicas e de home broker. A Bovespa negociou (a dados de 2006), via home broker, R$ 72 bilhões com a Ágora, representando 29% do total de negócios.

Mostrando entusiasmo pelo potencial do conceito de home broker, observou o empresário que a participação dessa atividade na Ágora tende a crescer, por constituir uma operação mais barata e mais rápida (poucos minutos são necessários) para o cliente que queira investir na Bolsa. Em 2006, foram 8 milhões de ordens enviadas, contra 1,9 milhão no primeiro trimestre de 2007. O volume de negócios está crescente, com boas expectativas no mundo inteiro. De qualquer lugar do mundo, via Internet, é possível acessar o home broker. São cinco servidores de grande porte (três no Rio de Janeiro), com plano de continuidade em São Paulo. O sistema, implantado em 2002, é seguro e com o mínimo de ingressos indesejados.

Ao dar dados que ressaltaram a imagem empresarial da Ágora, destacou o sócio Álvaro Bandeira o monitoramento do SLA (service level agreement) com a CVM (*Comissão de Valores Mobiliários). A Ágora coleciona uma série de iniciativas pioneiras: ter três empresas monitorando o sistema; usar arquitetura AD (alta disponibilidade) e VoIP (o cliente acessa a cotação por telefone); ter plano de recuperação de sinistros; usar a NET com flash para aplicações críticas; e monitorar operações especiais. O data center (repositório de dados) da Ágora é dotado de filmagem e oferece o máximo de segurança, com acesso restrito e uso de impressão digital. A Ágora também tem um estúdio de tevê onde oferece programas de abertura de mercado, análise setorial e fórum abertos (das 9h às 18h). A Ágora está presente no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Campinas, Brasília e Nova Iorque, observou Álvaro Bandeira, encerrando sua exposição e seu case.

* A CVM – Comissão de Valores Mobiliários é uma autarquia federal, criada pela Lei n. 6.385/76, vinculada ao Ministério da Fazenda, com funções fiscalizadora e regulamentar relacionadas com o mercado de títulos emitidos, publicamente, por sociedades anônimas. A entidade é administrada por um colegiado composto por quatro diretores e um presidente, todos nomeados pelo presidente da República.

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